quinta-feira, 14 de julho de 2011

“Airbags” para salvar a pirâmide mãe do Egipto.

A pirâmide do faraó Zoser (2687 a.C – 2668 a.C.), que se encontra em muito mau estado depois de ter sobrevivido a um terramoto em 1992, mantém-se em pé com a ajuda de uns enormes “airbags”, enquanto uma equipa de peritos britânicos e egípcios trabalha numa estrutura para curar os danos.
"Enfrentamos um problema pouco comum: existem toneladas de pedras irregulares dispostas sobre pressão na abertura dos 8 metros quadrados que formam o tecto da câmara funerária ", explica o especialista Peter James, director da Cintec, a empresa britânica responsável por estabilizar a estrutura. "A questão era como segurar os blocos sem mover nem alterar nenhuma das forças que actuam sobre eles. Qualquer modificação poderia provocar um colapso imediato”, assegura Peter James.
Esta empresa de engenharia encontrou a solução na inovação utilizada pelas tropas britânicas no Afeganistão. A invenção consiste numa bolsa de água que ajuda a atenuar o efeito dos artefactos explosivos. Fabricadas com o mesmo tecido e adaptadas às diferentes formas da cúpula da câmara funerária, 18 enormes bolsas de ar foram colocadas no interior da pirâmide com o objectivo de “impedir que a estrutura ceda antes das descargas de compressão”.
Este suporte provisório ajudará a equipa a restaurar o tecto da câmara funerária, que devido às forças sísmicas, perdeu a sua forma plana para se converter numa “cúpula invertida que sem apoio podia desmoronar em qualquer momento”, refere James.
Segundo Hasam Iman, engenheiro da equipa egípcia, o projecto reabilitará um complexo sistema de galerias subterrâneas e 11 poços de 32 metros, incluindo a câmara funerária que abriga o rei, de 7 metros de largura e construída em granito com revestimento em gesso. Recuperar a mãe de todas as pirâmides ainda vai levar tempo. James enumera as seguintes fases: "reorganizar as pedras e através da perfuração em seco, instalar uma rede com âncoras de aço de 2 a 3 metros para evitar que as pedras caiam na câmara de funerária, mesmo no caso de descargas sísmicas."
Com o coração a salvo, o plano faraónico de restauração só terminará quando a pirâmide tiver uma aparência renovada.

Tutankamon não recebe mais visitas.

Os antigos túmulos faraónicos que têm conservado até hoje as suas cores vivas, vão fechar as portas aos turistas para evitar a sua deterioração pelas visitas contínuas, de modo que no futuro só se poderá contemplar as suas réplicas.
"Estes túmulos ficarão totalmente destruídos dentro de 200 anos devido à respiração dos turistas que os visitam", advertiu numa entrevista o secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egipto, Zahi Hawas. Os conservadores têm alertado para os perigos da humidade, dos fungos e da má ventilação.
Desta forma, Hawas explica o motivo da decisão de encerrar definitivamente alguns túmulos reais na cidade histórica de Luxor, a antiga Tebas, a cerca de 700 quilómetros do sul do Cairo e uma das paradas mais populares dos turistas no Egipto. "A única maneira de proteger estas antiguidades é fechá-las e fazer réplicas das mesmas, para os turistas as poderem visitar", disse Hawas, cujo departamento controla as antiguidades do país.
O famoso túmulo de Tutankamon (de 1361-1352 a.C), descoberto em 1922 pelo arqueólogo britânico Howard Carter no Vale dos Reis em Luxor, e conhecido por ser o único encontrado intacto, será um dos que vai fechar as suas portas brevemente.Também não escaparam a este novo projecto os preciosos túmulos de Seti I, pai de Ramsés II, que reinou entre 1314 e 1304 a.C, no Vale dos Reis, e da rainha Nefertari, esposa de Ramsés II, no Vale das Rainhas. Estes dois túmulos estão fechados.
Mediante o uso de raios lasers, vários especialistas começaram a tirar fotos dos refinados detalhes, desenhos e escritas que adornam as paredes dos três túmulos para os reproduzir na réplica, que irá ser construída no mesmo vale dos Reis, na orla ocidental Nilo.
Alguns especialistas em egiptologia como Basaam el Shamaa, que também trabalha como guia turístico há 25 anos, não gosta da ideia de se fazerem réplicas das antiguidades, mas o que é importante é a manutenção dos templos. "A humidade causada pela respiração e a transpiração dos turistas num mês como o de Agosto, quando as temperaturas no Vale dos Reis atingem mais de 50 ºC, afectam os túmulos", alertou este especialista.