Hoje perdi uma lágrima, e era uma lágrima tão pequena que nela cabia tudo, as minhas verdades, os meus sentimentos, a minha tristeza, e a minha saudade.
Quero escrever tudo, e tanto tão depressa, como se enfim não tivesse tempo para dizer tudo o que devia, frases soltas, e algumas palavras daqui e dali e de tantos lados, e elas vêm na minha direção como se chamassem por mim pedindo para serem escritas , mas eu simplesmente olho em volta e mais não escrevo do que aquilo que sinto, e as palavras não querem ser escritas, querem ser sentidas e afirmadas como uma parte verdadeira da vida, mas de que vida vivem elas se em mim não cabem, de que são feitas, e de que se alimentam?
Oiço-as ao longe e são tantas as palavras, que se transformam em frases soltas, como mendigas sem ter onde ficar, nem ninguém que as recebam e que façam delas verdades.
Hoje perdi muito mais do que apenas palavras e frases, perdi também a minha saudade, em vez dela ganhei apenas e só ignorância, e da ignorância fiz uma certeza com um lápis de cor pintei-as bem alto para todos verem, e para sentirem, mas ninguém viu, apenas olharam para o lado, calculo também que ninguém as sentiu, e por fim foram morrendo e definhando umas após outra e outra, até não restar nada.
Hoje, amanhã e sempre as palavras perderam-se. E eu ganhei uma mão cheia de nada.
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